ISSN: 2695-2785

Volume 2, No 3 (), pp. -

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Dirección Xeral de Saúde Pública Galicia

Tabaco y cannabis

Abstract: Resumo A inalação é a única forma atual de consumo da mistura de ambas as substâncias, o que condiciona riscos e danos inerentes ao acesso por via alveolar e a alta velocidade de absorção da mesma. A nicotina é o composto psicoativo presente na planta do tabaco, responsável pelo desenvolvimento da dependência, e o tetrahidrocanabinol é o composto canabinoide com maior capacidade psicoativa e o que mais contribui para a sua capacidade para provocar dependência da canábis. Tanto a nicotina como o tetrahidrocanabinol produzem complexas ações farmacológicas no sistema nervoso central, cardiovascular, respiratório, etc. A dependência do tabaco é possivelmente o efeito indesejado mais frequente que afeta os consumidores de canábis.

Keywords: tabaco e canábis; dependência

INTRODUÇÃO

O consumo de substâncias psicoativas entre os jovens tornou-se num dos problemas que atualmente mais preocupam os pais e os educadores. Os jovens dos países desenvolvidos são expostos desde a mais tenra idade ao contacto com a oferta de substâncias passíveis de criar dependência. Não é rara a combinação de vários consumos (policonsumos) entre os jovens, onde podemos encontrar consumos simultâneos.

Um exemplo claro destes consumos é a combinação de tabaco e canábis, habitualmente denominado “charro”.

Atualmente, estão a ser realizados ensaios com animais para investigar diferentes aspetos destes consumos combinados: a inter-relação com a dependência, efeitos compensatórios da sintomatologia de abstinência, etc. No entanto, ainda são só hipóteses que precisam de tempo para serem demonstradas.

DADOS EPIDEMIÓLOGOS

Os dados do ESTUDES 2016 mostram que 82,3% dos estudantes de 14-18 anos que fumam canábis o fazem em combinação com tabaco.

A maioria da população adolescente que consome derivados da canábis já experimentou antes (uma média de seis meses) o tabaco; apenas numa percentagem muito baixa, o consumo é anterior ao do tabaco ou independentemente dele.

A percentagem de consumidores entre os 15 e 17 anos é o dobro da dos com mais de 35 anos (12,6% vs. 5,5%), sendo o consumo médio de 3,2 charros por dia.

Muitos dos consumidores de charros não “reconhecem” o consumo de tabaco associado e, portanto, não são conscientes do risco e das consequências do tabagismo. (Ministerio de Sanidad Consumo y Bienestar Social, 2018)(Ministerio de Sanidad Consumo y Bienestar Social, 2018)

EFEITOS BIOLÓGICOS

O uso simultâneo de tabaco e canábis poderia produzir efeitos complementares, antagónicos ou sinérgicos. Por exemplo, o relaxamento do sistema nervoso central (SNC) poderia ser compensado pela ativação do mesmo produzida pelo tabaco.

Também aumentaria a possibilidade de desenvolver dependência, pela interação de ambos os consumos, sendo mais frequente nestes consumidores o surgimento da dependência do tabaco.

É muito difícil individualizar os danos orgânicos produzidos por cada uma das substâncias nos consumos simultâneos.

Nestes consumidores (tabaco + canábis), o profissional de saúde deve fazer uma intervenção conjunta de forma simultânea ou sequencial, para obter a cessação. Existem evidências científicas de melhores resultados na cessação quando a abstinência é simultânea.

FORMA DE AGIR DURANTE UMA CONSULTA PARA AMBAS AS SUBSTÂNCIAS

Devemos ter um cuidado especial com os termos que usamos nas consultas quando nos referimos aos consumos destas substâncias; falar sobre hábito, vício, consumo responsável, consumo social, consumo excessivo, pode prestar-se a confusão ou gerar uma perceção baixa ou nula do risco associado ao seu consumo.

Devemos ter sempre em mente que estamos a falar de consumos que geram dependência e representam um risco para a saúde, conforme confirmado por evidências científicas.

As seguintes recomendações são válidas para ambas as substâncias, quer sejam consumidas individualmente quer em combinação e podem ajudar-nos a estabelecer um clima adequado para a intervenção:

  • 1) Não ser alarmista nem usar mensagens assustadoras ou catastróficas.

  • 2) Ouvir de forma ativa, demonstrando interesse pelo que lhe é dito e sem minimizar as preocupações do menor ou do adolescente.

  • 3) Responder a perguntas ou dúvidas do menor, não falar apenas sobre o que o profissional de saúde acha que o menor precisa de saber, mas também sobre o que desperta a sua curiosidade.

  • 4) Transmitir uma mensagem clara, simples, compreensível e inequívoca sobre a NÃO existência de um consumo de tabaco e/ou canábis sem riscos.

  • 5) Reforçar as opiniões de “não consumo de substâncias psicoativas”.

  • 6) Utilizar a entrevista motivacional em formato breve, para intervenções oportunas em jovens.

Reconhecimento

Esta publicação foi possível graças ao programa de cooperação Interreg VA Espanha-Portugal POCTEP - RISCAR 2014-2020.

http://www.poctep.eu

RINSAD

A Revista Infância e Saúde (RINSAD), ISSN: 2695-2785, surge da colaboração entre as administrações de Portugal, Galiza, Castela e Leão, Extremadura e Andaluzia no âmbito do projecto proyecto   Interreg Espanha-Portugal RISCAR  e visa divulgar artigos científicos relacionados com a saúde infantil, contribuindo para pesquisadores e profissionais da área uma base científica onde conhecer os avanços em seus respectivos campos.

O projeto RISCAR é cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) através do Programa Interreg V-A Espanha-Portugal (POCTEP) 2014-2020, com um orçamento total de € 649.699.

Revista produzida pelo projecto Interreg Espanha - Portugal RISCAR  com a Universidad de Cádiz  e o Departamento Enfermería y Fisioterapia del Universidad de Cádiz .

Os trabalhos publicados na revista RINSAD são licenciados sob a Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional.

References